Não é de hoje que atores reclamam dessa safra do cinema, mas, o que será que está realmente acontecendo?
Recentemente a atriz vencedora de dois Academy Awards (Oscar) Judie Foster revelou seu descontentamento com a indústria cinematografia estadunidense, no qual atualmente tem dado muito espaço para filmes relacionado as HQs e best-sellers. Mas não é a primeira vez que um ator reclama desta safra do cinema, alegando que “estão matando o cinema”. Em 2015, o ator Jason Statham fez críticas pouco construtivas sobre as atuações em filmes baseados na Marvel, Vertigo e DC, pois não valoriza os filmes de ação, segundo Statham.
Mas qual o motivo de tanto descontentamento? Vamos destrinchar o assunto.
Os filmes deste seguimento, têm recebido cada vez mais investimentos, chegando a ser os mais caros do cinema atual. Filmes como “Avatar”, “Vingadores: A Era de Ultron” e “Harry Potter e o Enigma do Príncipe”, ultrapassaram os 200 milhões de dólares, investimento esse que justificado pela sua audiência. Enquanto filmes originais (não baseados em livros, séries, HQs ou programas de TV ou rádio) são obrigados a receberem investimentos baixíssimos e muitas vezes não conseguindo espaço nem nas salas de cinema, tendo que ir para TV ou plataformas de streaming.
Os filmes de ação, muitas vezes, utilizam poucos dublês e as cenas utilizam pouco chroma-key (fundo verde que é substituído digitalmente) e quase inexistente mocap (captura de movimento), o que para atores de filmes de ação é o ideal, ou como eles dizem “cinema de verdade”, enquanto nos de super-heróis, são recursos muito utilizados.
Porém, com o corte de custos em produções originais, cada vez menos vemos obras ditas pessoais no mercado estadunidense de cinema.
Mas não são apenas os atores internacionais que estão descontentes com a indústria cinematográfica, seja por investimento ou tratamento.
Aqui no Brasil, o ator Caio Blat, declarou em 2012, que a TV Globo dificulta a divulgação de filmes, em 2014 fez a seguinte declaração “A Globo Filmes está matando o cinema nacional”, conforme amplamente divulgado em portais da época. Por realizar produções cinematográficas focado no público da TV, ou seja, desvalorizando todo o encanto e trabalho da indústria no país, posteriormente o ator pediu desculpas por ambas declarações.
A prova da desvalorização do cinema nacional, foi a criação de um polo cinematográfico de primeiro mundo na cidade de Paulinia, 120km de São Paulo. Neste polo, suportando megaproduções cinematográficas, com ilhas de edição dignas de Hollywood, após 4 anos de sua inauguração, jogado às traças, perdendo 110% do seu investimento inicial, por a Globo Filmes não achar viável utilizar estes estúdios, preferir utilizar o Estúdios Globo (Antigo Projac), e ser uma das únicas produtoras cinematográficas que realiza investimentos cegos nessas obras. Antes que você diga “isto é inviável” “não tem como fazer produções de peso no interior de São Paulo”, alguns dos filmes que foram feitos neste polo foram os brasileiros “O Palhaço”, “Bruna Surfistinha”, “De Pernas pro Ar”, “Faroeste Caboclo” e “Colegas” e o hollywoodiano “Ensaio sobre a Cegueira” que arrecadaram bilheteria e público de grande relevância.
A grande prova que a Globo Filmes não faz filme voltado para o publico do cinema, foi a superprodução “Malasartes E O Duelo Com A Morte”, utilizado recursos inéditos em efeitos especiais em um filme brasileiro, tendo sua divulgação deficiente, se limitando a mostrar em um painel na CCXP16 e uma aparição pra divulgação no programa Encontro com Fatima Bernardes (TV Globo) e Altas Horas (TV Globo), posteriormente transformando essa obra em minissérie e já garantindo inscrição para o Emmy Internacional.
O fato é: Cinema é feito de ciclos, e no ciclo atual está difícil para todos, seja os Hollywoodianos, seja os Brasileiros. O que falta são grandes histórias a serem contadas de maneira inspiradora e atrativa. Faltam investimentos em mais seguimentos e principalmente, falta divulgação, pois como o público irá para o cinema, sem saber o que está em cartaz. Seja em uma megaprodução de Super Herói, ou seja, contando a história de um nordestino que tenta enganar a morte. Seja lá na gringa, seja aqui em terras tupiniquins.