Segunda temporada ganha um pouco mais de tempo de tela e surpreende indo muito além do humor e dos fetiches.
A minissérie Amizade Dolorida já pode ser considerada uma “big série” o “mini” é mais pela duração dos episódios, aproximadamente 15 minutos cada um, na primeira temporada, e ligeiramente maiores, com um ganho médio de 3 minutos, cada um, na segunda temporada.
A temática da série se mantém na questão da relação entre dom e sub, ou dominadores e seus submissos, uma das camadas do BDSM (Bondage Dominação, Sadismo e Masoquismo). Se quiser entender um pouco mais, pode conferir aqui, em nosso artigo onde recomendamos a série.
Amizade Dolorida não se destaca por ser nenhum primor técnico. A fotografia opta pelo básico e traz nitidez. Os efeitos sonoros não exploram nada, sendo mais simples do que alguns da primeira temporada. As atuações são bastante medianas, com alguns momentos de brilhantismo atingidos pelo roteiro, que abre espaço para atores e atrizes expressar seu talento, como o Doug (Micah Stock), ele consegue, sem nenhuma linha de diálogo entregar o peso de uma cena dramática e logo em seguida ser um relógio suíço em seu timing cômico, esse tipo de coisa se repete outras personagens e surpreendem pela entrega, e quando isso acontece, é uma recompensa muito grande. Os figurinos, por sua vez, talvez sejam o que mais se destacam.
A segunda temporada consegue ser surpreendentemente positiva em comparação à primeira. A série vai além da comédia e explora muitos outros aspectos, posso dizer aqui, sem dar spoiler, que a relação de consentimento entre dom e sub é explorada, temos ainda exploração de autoconhecimento, autoaceitação, aborto, misoginia e dilemas familiares.
Com relação à primeira temporada, eu fiquei muito feliz com a formação de um casal que eu torci muito para dar certo, um casal lindo, e com uma relação que eu “super” apoiei conforme foi desenvolvida, e conhecer melhor a personagem foi uma surpresa maravilhosa.
Ao abordar vários temas, a série o faz de forma rápida, alguns deles, de forma superficial, isso, ocorre, evidentemente, pela duração curta dos episódios. Eu gostei muito de alguns temas, como misoginia, que foi abordada de uma forma diferente e acabou tendo um desfecho muito interessante. Outros temas, porém, a série ameaça iniciar uma discussão interessante, ela começa, fica na superfície e não se aprofunda, deixando até a sensação de que vai trazer o assunto novamente, mas até o fim da temporada, não trouxe.
Se a Netflix não resolver cancelar a série, ela deixou pontas suficientes para uma terceira temporada. Personagens inéditas têm grande potencial e podem fazer sua ponta em uma eventual próxima temporada.
A série entrega de maneira satisfatória o que se propõe: Apresentação de forma leve e descontraída o universo dos fetiches, e os dramas e dificuldades que grupos de seus praticantes têm que lidar, tudo isso, numa jornada de autoconhecimento e evolução pessoal de seus protagonistas.
Review
Amizade Dolorida
Amizade Dolorida é uma série com classificação 16 anos, com roteiro muito bom e uma proposta bastante original e bem executada. Se você gosta de comédia, vai curtir, se gosta de fetiches como BDSM, vai curtir, se gosta de maratonar, vai curtir também, principalmente por ser possível fazer isso em menos de 3 horas. Sem grandes extravagâncias técnicas, a série compensa com um roteiro diverso e criativo, coloca alguns diálogos bem elaborados e colhe algumas ótimas atuações, nestes detalhes a série ganha seu charme próprio e assim, conquista seu público.
PROS
- Figurinos;
- Alguns diálogos;
- Abordagem de temas diversos e “polêmicos”;
- Pontos de encontro de roteiro com grandes entregas de atuação;
CONTRAS
- Superficialidade que alguns temas interessantes são abordados;
- Qualidades técnicas medianas (tudo é bom, nada é ótimo);