E hoje temos uma entrevista EXCLUSIVA com o autor da série de livros e quadrinhos VIKINGS, que teve início em 2018. Publicados pela Editora Draco, os livros logo migraram para HQs, e hoje o talentoso escritor Eduardo Kasse nos conta um pouco mais sobre seu processo de escrita, o mercado literário, e claro, sobre estes famosos guerreiros nórdicos, que hoje aparecem em diversas mídias. Então, prepare seu hidromel, afie seu machado e confira esta entrevista, antes que o Ragnarok chegue! SKOL!
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The Geek News: Olá! Primeiramente, conte pra gente como surgiu a ideia da série de livros, e seu interesse sobre o tema dos vikings e toda a cultura nórdica.
Eduardo Kasse: Olá, tudo bem? Obrigado pelo convite! Vamos lá: desde quando eu estava escrevendo o meu primeiro livro, O Andarilho das Sombras – https://eduardokasse.com.br/temposdesangue/a-serie/o-andarilho-das-sombras/, a mitologia nórdica sempre teve presente nos meus escritos, apesar de não ser o foco da Série Tempos de Sangue.
Então, quando eu a finalizei em 2016, com o livro Ruínas na Alvorada – https://eduardokasse.com.br/temposdesangue/a-serie/ruinas-na-alvorada/, eu decidi que o tema central da minha próxima saga seriam os vikings, os nórdicos. E, em 2018, lançamos o primeiro livro Vikings – Berserker (https://vikings.eduardokasse.com.br/vikings-berserker) onde um bando de jovens sonhadores comete imensa afronta a um poderoso jarl. Um crime passível de severa punição, até mesmo de morte. Mas nem os mais sábios poderiam prever os verdadeiros desígnios dos deuses.
Enfim, antes mesmo de iniciar a minha carreira de escritor, sempre fui um aficionado por mitologias e a nórdica me empolga bastante. Por isso decidi seguir por essa jornada na Saga Vikings – https://sagavikings.com.br
The Geek News: Como foi o processo de pesquisa? Fale um pouco sobre as dificuldades em seguir um rigor histórico numa obra que exige isso, e quais suas inspirações na hora de escrever.
Eduardo Kasse: Todo processo de pesquisa sempre é longo. E eu trabalho de duas formas: antes de iniciar o processo de escrita eu estudo todo o “universo” que fará parte da obra. Seus povos, costumes, cultura, mitologias, formas de batalhar, economia, produção agrícola, tecnologias e por aí vai.
Depois, conforme eu avanço na história, faço pesquisas pontuais do tipo:
· Esse personagem real estava vivo nessa época?
· Como eram as roupas durante o inverno naquele local?
· Existia essa fruta naquela região?
· Esse Santo já era Santo?
· Essa tecnologia já tinha sido inventada?
Ou seja, analiso tudo aquilo que me fará criar uma narrativa o mais precisa possível e que, acima de tudo, crie uma imersão legal nos leitores.
Agora uma curiosidade: durante o processo de escrita eu simplesmente paro de assistir, ler e ouvir tudo aquilo que é relacionado com a história que estou criando. Ou melhor dizendo, eu paro de consumir entretenimento desse tema. Ponho a minha atenção em livros, artigos, vídeos e podcasts com o foco acadêmico e informativo. Essa é a maneira que encontrei para não “contaminar” a minha escrita com muitas influências externas.
Sobre as minhas inspirações. Tenho diversas, mas eu vou citar cinco autores que sempre me trazem boas experiências, principalmente durante a criação da Saga Vikings: Bernard Cornwell, Steven Pressfield, Tolkien, Ken Follet e Edward Rutherfurd.
The Geek News: Além da série de livros, tem também as HQs, também publicadas pela Draco, em parceria com o desenhista Carlos Sekko. Conte pra gente como foi transpor esse universo dos livros para a nona arte.
Eduardo Kasse: Quando terminei o primeiro livro, Vikings – Berserker, tive a ideia de uma história curtinha, uma cena de batalha. Conversando com o Raphael Fernandes e com o Erick Sama, editores da Draco, decidimos criar um quadrinho de vinte páginas. Daí nasceu a HQ Vikings – Noite em Valhala – https://vikings.eduardokasse.com.br/vikings-noite-em-valhala/, que foi agressivamente desenhada pelo Carlos Sekko – https://twitter.com/CarlosSekko
Lancei-a na CCXP18 e vendi centenas de exemplares (juro que me assustei com o tanto de caixas que precisava repor todos os dias). E por essa boa repercussão (tivemos muitas resenhas, feedbacks e mensagens nas redes sociais), decidimos continuar a expandir o universo dos livros (os quadrinhos trazem histórias independentes, com arcos fechados) e lançamos Vikings – Morte ao troll – https://vikings.eduardokasse.com.br/vikings-morte-ao-troll em 2018, uma história maior, com 64 páginas, prefácio do Fernando Caruso – https://twitter.com/SuperCaruso e posfácio da Juliana Ponzilacqua – https://twitter.com/_ponzuzu. Também foi uma campanha muito bem-sucedida no Catarse.
E confesso que adorei ver os personagens criarem vida pelo traço pesado e sujo do Carlos Sekko. É muito empolgante ver um roteiro ganhando rostos, movimentos e, claro, ver braços e cabeças voando pelas páginas. E aguarde: ainda teremos novidades…
The Geek News: Ultimamente temos uma onda de obras inspiradas neste rico período histórico das invasões vikings, desde a série do History, até o novo game da série Assassins Creed, passando por diversos livros e filmes. Como você acha possível se destacar em meio a tanto material lançado?
Eduardo Kasse: Para mim o mais importante é escrever com vontade, com tesão e com verdade. Só assim é possível encantar e cativar os leitores. Em toda a minha carreira (iniciada profissionalmente em 2012), nunca pensei em criar por modismos, mas sim para contar boas histórias. E isso depende muito de gostar e de acreditar no tema.
Acho ótimo haver diversas obras com essa pegada. Isso gera interesse e faz as pessoas quererem conhecer e consumir mais sobre o tema. Todos que fazem bem-feito ganham!
The Geek News: Conte sobre a questão do financiamento coletivo, seria esta a melhor opção para lançar uma obra? Diante do fechamento de diversas livrarias pelo país, qual o melhor meio para um escritor/quadrinista continuar lançando suas obras e vendendo?
Eduardo Kasse: Estamos vivendo duas rupturas importantes: o fechamento das livrarias e a pandemia. Na primeira ruptura, a gente perde espaço de exposição do nosso trabalho, das nossas obras. Na segunda, além das perdas financeiras (isso sem falar nas questões de saúde e das lamentáveis mortes) que muitos brasileiros tiveram, temos o cancelamento dos eventos presenciais. E isso é um gargalo ENORME para os escritores e quadrinistas!
Ainda temos as vendas online e os eventos virtuais, contudo, nada supera o cara a cara, o bom papo, o contato. E os eventos presenciais, os Artist’s Alley são essenciais para criar esse relacionamento.
Assim, o financiamento coletivo é uma alternativa essencial para continuarmos a produzir e os leitores continuarem a ter boas histórias. É um processo ganha-ganha. É um novo método de negócios sustentáveis e de valor: eu tenho uma história. Você tem o interesse em lê-la. Vamos unir forças para fazer acontecer!
Aliás recomendo a todos esse TED Talks da Amanda Palmer:
https://www.ted.com/talks/amanda_palmer_the_art_of_asking
The Geek News: Por último, conte um pouco sobre o novo livro da série, e quais os planos para o futuro, e deixe aqui seu conselho para aqueles que estão começando seu caminho na escrita ou nos quadrinhos.
Eduardo Kasse: Vikings – Nidhogg é o livro que encerra a Saga que se iniciou em Vikings – Berserker. Por séculos eles foram temidos. E as pessoas se desesperavam quando os viam chegar em seus longos navios com feras entalhadas na proa. Mas esse é um passado cada vez mais distante.
Início dos anos 1000 da era cristã. Os nórdicos, os pagãos, estão vivendo o seu ocaso e muitos já deixaram de cultuar os Deuses para se ajoelhar diante da cruz. Os mais velhos contam e cantam histórias de um passado glorioso, quando eles batalhavam sorrindo, seja pela alegria de destroçar o inimigo ou pela esperança de banquetear no Valhala.
Mas será que os Deuses de Asgard ainda olham pra os seus fiéis guerreiros? Você pode apoiar esse livro no Catarse! https://www.catarse.me/vikings2
Sobre os planos? De mais concreto é que ainda teremos outras HQs. E, talvez, algumas histórias spin-off. Não sei se contos, noveletas ou mesmo algum romance (só Skuld, a norna que representa o futuro, sabe!).
E por fim deixo a dica para os novos escritores: escreva com o coração, crie com a alma e acredite no seu trabalho. Não pense nas suas histórias somente para “agradar ao público” ou mesmo foque nos temas da moda “porque isso vende”. Não! Crie com a sua verdade e acredite nos seus escritos, pois só assim você entrará em sintonia e sinergia com os leitores.
Obrigado pelo convite e até breve!