Edição criativa, personagens interessantes e inconsistência no ritmo marcam a série ade Kamala Khan.
[Vale ressaltar, como o nome sugere, trata-se de uma crítica SEM SPOILERS, o conteúdo a seguir reflete a opinião de seu autor. Sinta-se livre para concordar, ou discordar, total ou parcialmente, o importante é que sua opinião seja expressa com respeito e educação].
Nesta série, acompanhamos uma jovem muçulmana de origem paquistanesa, Kamala, que vive com sua família nos Estados Unidos. A jovem possui 16 anos, é estudante e fã dos vingadores, em especial da Capitã Marvel.
O primeiro episódio da série já mostra que estamos falando de um produto adolescente, a direção criativa, edição rápida e insana beiram níveis vertiginosos para uma pessoa com mais de 30 anos, não acho isso ruim, muito pelo contrário, achei ótimo, uma característica marcante da série que lhe garante identidade própria.
Infelizmente a série trouxe algumas inconsistências ao longo dos episódio, sofrendo muito em sua direção e arte, fotografia, ritmo e roteiro. Parece que a Marvel, acostuma a abordar temas mais contidos nos filmes, achou que poderia abordar muito mais coisas nas séries, e de fato, eu acho que poderia mesmo, se fizesse isso direito, o que não é o caso nas séries apresentadas até agora.
Geralmente, séries abordam um ou dois temas por temporada, dependendo da duração e quantidade de episódios alguns temas a mais são abordados por temporada, com foco em uns 1 ou 2 e outros menores, e um revezamento de temas ocorrendo nas futuras temporadas, mas aqui em Ms. Marvel, o que vemos é uma minissérie com 6 episódios curtos querendo reimaginar toda a forma de contar o Universo Marvel, tentando abordar muitos temas, personagens, histórias, alocações, estilos e gêneros. No fim, uma ideia que poderia ter sido boa para uma série de 2 ou 3 temporadas acabou sendo mal executada em 6 episódios.
A série aborda de maneira não tão sutil o preconceito enfrentado pela comunidade muçulmana que vive nos Estados Unidos, nos apresenta sua cultura até nos leva em uma viagem para o Paquistão. Estes pontos são muito bons. O drama adolescente, romance, etc vai do gosto de cada um, eu não tive muito problema com isso, não foi um High Scholl Musical, mas também não foi nenhum tédio que quebrasse o ritmo da série, ficou bem encaixadinho, como acontece na vida de qualquer adolescente.
A série teve viagem no tempo, que foi executada de uma forma muito ruim. O ritmo que já estava se perdendo acabou completamente destruído com este evento, ainda mais que, depois disso, havia pouco tempo para solucionar problemas do tempo atual e havia a necessidade de criar um conflito entre alguns personagens, algo que foi feito bem nas coxas, um drama artificial foi criado e a solução foi ainda mais artificial.
Os efeitos visuais não possuem o padrão Marvel dos cinemas, o que pode incomodar muitas pessoas, mas para uma série (principalmente se imaginarmos uma série que não seja da Marvel, é bom), porém, aqui temos uma série da Marvel, e a qualidade dos efeitos deixa um pouco a desejar.
Kamala Khan, ou Miss Marvel, poderia ser alterada para o gênero de cultura paquistanesa e muçulmana, provavelmente ela se destaca mais nestes quesitos do que no de heróis. O projeto veio muito ambicioso e não deu conta de se sustentar e entregar o que se propôs. A série começou em seu ponto mais alto e terminou saindo do fundo do poço onde ela mesma se colocou, além de deixar uma abertura para continuação, que aparentemente ocorrerá no filme The Marvels (As Marvels), porém, até lá, ficaremos com esse sentimento de que começamos assistindo uma série e no meio do caminho a Disney passou uma outra no lugar sem nos avisar.
Review
Ms. Marvel
Miss Marvel é uma série que retrata eventos da vida de uma adolescente imigrante que vive em um país onde sua religião e cultura são vistas com viés preconceituoso, a única diferença é que ela obtém alguns super poderes e acaba tentando usar isso para ajudar sua comunidade enquanto realiza o sonho de ser com seus heróis favoritos. O problema é que a série não se achou e acabou partindo para outros rumos mais dramáticos e não conseguiu entregar o drama necessário, deixando claro que se perdeu e implantando uma confusão e frustração na cabeça dos espectadores.
PROS
- Diversidade e pluralidade cultural;
- Direção e edição criativa nos episódios iniciais;
CONTRAS
- Se perdeu no ritmo e na história;
- Não cumpre com a proposta inicial e não entrega o que prometeu;
- O roteiro se enfraquece e termina tentando se recuperar de uma quebra narrativa terrível;