[CRÍTICA] Avatar de 2009 (SEM SPOILER)

Filme com quase 3 horas de duração trata sobre questão de colonialismo e extrativismo

James Cameron, o mesmo direto de Exterminador do Futuro e Titanic atacou novamente com Avatar, em 2009. O filme trata de uma missão de exploração espacial de uma grande corporação que quer explorar um mundo chamado Pandora e suas riquezas. Neste caminho, um soldado, paraplégico chamado Jake, irmão de um cientista é convidado para a viagem, já que seu irmão foi morto em um assalto, e os avatares (espécies de marionetes com androides, feitos biologicamente), são caros de se produzir e não são compatíveis com qualquer pessoa.

A atmosfera do planeta Pandora é tóxica para os seres humanos, e as criaturas que o habitam são agressivas, porém, Jake, ao se conectar com seu Avatar parece bastante disposto a explorar o planeta e ajudar na missão de colonização, já que, nesta condição de Avatar, ele consegue voltar a andar.

Na jornada conhecemos outros cientistas e militares, além de um conflito de interesses que se constrói com uma narrativa bastante interessante e fluida, que demonstra boa progressão e desenvolvimento razoável de personagens, com maior ênfase e destaque para os Na’Vi, criaturas azuis, antropomórficas e com mais de 2 metros de altura, e estas criaturas são as que inspiraram os avatares utilizados pelos humanos exploradores.

O roteiro favorece a construção de um drama envolvente e reflexivo, um passeio na história das colonizações, com devastação de culturas, territórios e elementos sagrados de culturas locais, que passam a ser tratadas como um problema em suas terras nativas, mostrando a inversão de valores em narrativas colonialistas.

Toda a técnica de captura de movimento, expressões faciais etc. são surpreendentes. Os efeitos surpreendiam para a época do lançamento e envelheceram muito bem, o filme segue lindo e enche aos olhos mesmo não assistindo em 3D. As atuações ficam um pouco difíceis de avaliar, uma vez que a maior parte das cenas, inclusive de diálogos são feitas em computação gráfica.

As músicas, em sua maioria são medianas, elas agradam e em momento algum incomodam, mas são poucas as ocasiões em que elas colaboram para a imersão, mas quando fazem isso, acertam, mas acertam e muito. Na subida de tom no fim do segundo ato, contrastando com a transição para o terceiro ato, ela é capaz de nos fazer sentar na ponta da cadeira e em seguida querer nos afundar na mesma. Muito bom, muito bem feito mesmo, e na cena final então, ela estava no ponto, um pouco menos e não representaria a grandiosidade da obra, um pouco mais e poderia soar artificial e destoante.

Os personagens do filme são bastante diversificados, suas motivações são as mais variadas e o enredo ainda consegue nos fazer se importar com eles. Há muitas situações diversas que nos possibilita conhecer um pouco mais de todo o universo, da Terra que ficou para trás, do planeta Pandora, da cultura dos Na’Vi, da biodiversidade do planeta, etc.

É muito e muito gostoso assistir ao filme Avatar, ele é, tecnicamente, muito bom, e um dos primeiros filmes que trouxeram um nível também muito bom de qualidade na computação gráfica, sem nos levar muito para o vale da estranheza. A história é simples, bem contada e traz várias nuances, que a torna palatável para crianças e pessoas afim de um entretenimento casual, assim como traz uma intensa crítica para quem estiver disposto a refletir sobre o tema.