Resenha – Batman – O Último Cavaleiro da Terra

HQ da dupla Scott Snyder e Greg Capullo trazem um futuro sombrio para os heróis da DC e uma história um tanto confusa, mas satisfatória

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O roteirista Scott Snyder foi o grande responsável pela chegada do Batman no Reboot da DC, os novos 52, e logo de cara nós trouxe um Batman ágil, moderno e de certa forma até mais descontraído, porém sem trair os “dogmas” do personagem. Tudo isso, aliado ao desenho de Greg Capullo, um renomado desenhista que fez fama lá nos anos 90 quando virou o carro-chefe do título do Spawn, da editora Image. Após anos afastado de grandes editoras, Capullo retornou com tudo, com um estilo mais enxuto, sem perder todo seu estilo e extravagância. Não a toa, HQs como A corte das Corujas e Morte na Família se tornaram algo próximo a novos clássicos na galeria de histórias do cavaleiro das trevas. Embora Snyder também seja o protagonista de muitas decisões polêmicas (spoilers a seguir), como matar o herói e colocar um comissário Gordon sem bigode como novo Batman (enfrentando um homem-planta com direito a um robô gigante como aliado), ou até mesmo transformar todos os heróis da liga da justiça em versões alternativas do morcegão em Noite de Trevas – Metal (título que por si só, já mostra o grau da excentricidade), e inegável que o autor tem sua legião de defensores.

Por isso, após o fim de sua participação nas HQs mensais do personagem, com o arco O Jardineiro, quem assumiu o título foi o roteirista Tom King e de certa forma muitos ficaram órfãos das histórias da dupla.
Por essa razão, creio eu, Snyder e Capullo vieram com a história O Último Cavaleiro da Terra, do selo Black Label (que contém apenas histórias alternativas), uma espécie de conclusão para tudo que o escritor fez no título do herói, uma vez que muitos easter eggs aparecem na história, e apenas quem conhece toda a fase do Snyder vai pegar todos. PORÉM, não e preciso isso pra curtir a história.
A trama, uma espécie de Oldman Logan do morcego, mostra um Bruce Wayne acordando em um mundo destruído onde os heróis se ferraram. E se ferraram bonito. O interessante é o modo como a história começa, com o famoso plot do “e se tudo fosse uma mentira”?, Com Bruce em um hospício e todo falando pra ele que o Batman é uma ilusão. Se isso não é fan service às teorias dos fãs, então eu não sei o que é.

Mas vamos a narrativa em si: Batman, mesmo deslocado em um mundo sem esperança, precisa viajar por um mundo em pedaços para reunir aliados contra uma versão maligna de si mesmo (evil twin que fala?), chamado Ômega. Resumidamente, temos uma espécie de Road Trip com jornada do herói, com direito a muitas maluquices do Snyder: coringa virou uma cabeça falante, mulher-maravilha de moicano, Superman barbudo e por aí vai. E isso só no comecinho. Como em muitas histórias, o roteirista introduz conceitos muito interessantes, porém graças a duração da história (3 edições com cerca de 150 pgs no total) ele não se aprofunda em nenhum deles. Em alguns momentos o texto desacelera para explicar fatos importantes (ou pelo menos, importantes pro autor), mas no geral o ritmo é bem rápido, de forma que muitos desavisados podem se perder (coisa que o autor faz muito na HQ O Despertar, com o desenhista Sean Murphy). Em meio a essa cacofonia de elementos, o que se destaca e a baita arte de Capullo, que destrincha todo seu talento para construir, em cada grão de poeira, as ruínas de um mundo perdido, com direito a Splash Pages (páginas de um quadro só), páginas duplas e cenas que ficariam bem legais em uma animação. O colorista também faz um belo trabalho com as cores, principalmente nas belas capas, bastante atrativas.

E enfim, vamos a parte final. O desenvolvimento da história, apesar de alguns furos, e de exigir do leitor que este tenha acompanhado tudo que aconteceu até ali, é coerente, e traz um final bacana. Porém, Snyder novamente falha em construir plot Twists, e o que deveriam ser “grandes revelações” acabam não sendo tão impactantes. Tanto o arco do menino morto no beco do crime, até a identidade do vilão, são bem construídos, porém não são nada “UAU!”. Apesar de não afetar o desenrolar da história, é meio triste ver como o plot Twist soa meio forçado (lembrando, claro, que está é minha opinião).

Apesar do ritmo rápido e subplots atropelados, o saldo da história ainda pode ser considerado positivo – tanto para aqueles que esperavam por outra história da dupla quanto de fãs de Hqs que procuram algo diferente para ler sem compromisso. Como disse em vídeo anteriormente, as edições da Panini estão bem caprichadas, com capa em papel cartão e uma edição grande que valoriza o trabalho dos artistas – e tudo isso por um preço acessível, R$11,90 cada edição mensal.