E ontem foi dia de estreia de serie no Disney Plus (ou Disney+), e não uma serie qualquer, mas a PRIMEIRA série live-action derivada de Star Wars, a aguardada The Mandalorian. Dirigida por Jon Favreau (responsável pelos primeiros filmes do Homem de Ferro) e com um elenco generoso em seu cast, a série assumiu o desafio de contar uma nova história, dentro do novo cânone criado pela Disney, é claro (que está separado da série Legends, por exemplo, que abriga as histórias do universo expandido antes da Disney assumir a direção), sobre um caçador de recompensas mandaloriano que dá nome à série. Desde os primeiros trailers divulgados, os fãs ficaram na expectativa de finalmente verem uma série fiel ao espírito da saga e que ainda emulasse elementos clássicos do cinema, incluindo muitas referências dos filmes de faroeste, sejam eles americanos ou spaguetti western. Eis que nesta terça-feira, dia 12 de Novembro, a série estreia e surge a dúvida: será que a produção acertaria o tom e agradaria os fãs novos e antigos?
Pois bem, a resposta é um grandioso SIM. A premissa é simples: neste primeiro episódio somos apresentados ao protagonista (Pedro Pascal, ótimo), um caçador de recompensas que, como todos em sua profissão, luta para ter uma vida digna caçando banidos e foras da lei, e a série deixa bem clara que essa vida não e nem um pouco fácil (ponto positivo!). Quando os primeiros caçadores surgiram, há muuuito tempo atrás, no clássico O Império Contra-Ataca, eles eram vistos como figuras imponentes, praticamente anti-heróis que não eram nem bons nem maus.. Por isso talvez o “vilão” Boba Fett, mesmo com seu tempo limitadíssimo em tela, acabou arregimentando uma legião de fãs, e criando base para um grande fandom. E o conceito de mandaloriano já havia sido largamente explorado, nas séries animadas Clone Wars e Rebels, onde conhecemos mais sobre a história de Boba e a cultura do planeta Mandaloria. Por isso, a série não se preocupa em explicar quem são ou o que fazem os mandalorianos (mais um ponto positivo), apenas introduzindo, de forma bem subjetiva, a vida, o trabalho e o código de honra que envolve essa casta de guerreiros. Por isso, não é surpreendente o paralelo com histórias, tanto de samurais quanto de pistoleiros solitários.
E aliás faroeste espacial seria uma definição e tanto para The Mandalorian. Com cenários desolados, secos e cidades repletas de foras-da-lei que ecoam a Mos Eisley mostrada em Uma Nova Esperança de 1977 e A Ameaça Fantasma de 1999, incluindo aquelas famosas cenas de bar que trazem muita nostalgia aos fãs mais antigos. E fica aqui um elogio ao belo trabalho dos efeitos especiais da série, que mesclam efeitos práticos ao CGI com muita habilidade – enquanto a série não poupa recursos para mostrar criaturas e monstros, ou mesmo mostrar tomadas espacias de naves entrando e saindo de planetas novos, ela também usa e abusa de marionetes, maquiagem e bonecos que com certeza farão a alegria de quem gosta de cinema à moda antiga. Há de se frisar também o belo trabalho da fotografia, e a composição de cenas, muito bem elaboradas – e também a trilha sonora, que praticamente faz uma ode aos temas clássicos de western. Quanto ao enredo, o que temos aqui é claramente uma jornada do herói, construída em torno do elemento do mcguffin, ou seja, um elemento misterioso que é o centro da busca do personagem-título, na qual somos apresentados a coadjuvantes, dentre eles Kuiil (Nick Nolte), que ajuda nosso “herói” por razões misteriosas, e IG-11 (Taika Waititi), um droide de batalha que faz às vezes de alivio cômico. Apesar de lenta, a trama não é de forma alguma monótona – cada uma das figuras entram e saem da trama com seu devido papel explicado, e até as cenas cômicas e de ação (que, aliás, são muito boas) são bem regradas e bem construídas.
ATENÇÃO, A PARTIR DAQUI CONTÉM SPOILERS!
Enfim, temos o nosso mcguffin, que aparece praticamente no final do episódio, e que com certeza já é alvo de inúmeras teorias. Afinal, esta é, oficialmente, a primeira vez em um live-action que vemos um ser da mesma espécie de Yoda. Qual será seu verdadeiro papel e por que está sendo tão procurado ainda é uma incógnita, porém eu – particularmente – espero que não haja nenhum paralelo entre este e o famoso mestre jedi. Referências sempre são boas, claro, mas se há algo que The Mandalorian mostrou é que é mais do que possível apresentar historias novas dentro da mitologia dos filmes e livros, sem necessariamente se prender a personagens e elementos do passado. Como carro-chefe das series do Disney plus, a produção cumpre com louvor a tarefa de apresentar como será o cacife das futuras produções do serviço de streaming, incluindo, claro, as series da Marvel, como Loki e Falcão & Soldado invernal. Se a serie conseguir manter e evoluir o ritmo mostrado neste episódio (com direito a muitos personagens que ainda não foram apresentados), então certamente esta será não apenas uma grata surpresa para todos os fãs do universo de George Lucas como também para os apreciadores de series de fantasia/ficção, com potencial para agradar fãs novos e de longa data.