Talvez você não reconheça o senho José Eugênio Soares, mas se cortarmos o meio e deixarmos só o começo e o final, aí você, com certeza reconhecerá nosso querido Jô Soares. Jô, que aos 12 anos se mudou com a família para a Europa, regressou anos depois ao Brasil, onde deu vida a vários e marcantes personagens que atravessaram gerações. Um artista do humor, comentarias, entrevistador, ator, escritor, diretor, poliglota e muitos outros adjetivos podem ser utilizados sem medo para descrever este brasileiro fantástico que marcou a vida de gerações.
Há muito tempo abordando temas polêmicos, como questões de sexualidade e gênero, Jô já trabalhava temas de relevância social em seus personagens mais variados como Capitão Gay, Vovó Nana, Punk Frutuoso, Ciça, e uma infinidade de outros personagens que ele mesmo interpretava no humorístico Viva o Gordo, desde jogador de futebol até políticos. Jô Soares se aproveitava de sua inteligência para abordar assuntos inesperados em situações inusitadas. Não querendo classificar humor como “burro” ou “inteligente”, mas Jô conseguia divertir e muitas vezes levar a reflexão, transformando o humor, uma ferramenta acessível, em um meio de reflexão, também.
Anda na época em que o politicamente correto não era regra, Jô consegui fazer o humor com estereótipos sem, muitas vezes, precisar reduzir, nem depreciar alguém por suas características. Não se via, no passado, nem atualmente, quem critique ou chame o humor do Jô, para consigo mesmo, de “autodepreciativo”. Gordo era praticamente um outro nome adotado por Jô, e ele mesmo criticava quem chamava a pessoa de gordinha, fofinha, enquanto a pessoa estava visivelmente acima do peso.
Jô Soares foi um dos grandes apoiadores do teatro brasileiro, artistas, quando apareciam no programa dele, no dia seguinte, viam o público em suas peças aumentar. Silvio Santos tornou Jô no grande entrevistador da TV Brasileira, e seu reencontro após 17 anos atuando na rede Globo foi um dos momentos mais marcantes da trajetória de ambos, na ocasião, para receber os prêmios recebidos no Troféu Imprensa. Uma das entrevistas com Roberto Carlos, já no Programa do Jô, na rede Globo também foi marcada, quando Jô disse ao Rei, que se emocionava quando ouvia a música “Amigo” e Roberto Carlos se emocionou ao performar a música para o velho amigo.
Falar da história de Jô Soares e falar da história da TV Brasileira, pois desde 1956 Jô atuava e nos agraciava com seus personagens. Ele passou pelas principais emissoras do país, SBT, Globo e Record. Em 2000 ele volto para a Rede Globo, onde apresenta até 16 de dezembro de 2016 o Programa do Jô. Mas, ele ainda aparece no programa Debate Final, no Fox Sports, debatendo sobre a Copa do Mundo FIFA de 2018. Desde o fim do seu programa em 2016, ele passou a viver sua vida mais tranquilamente, sem grandes aparições públicas.
E hoje, 05 de agosto de 2022, depois de tantos anos nos acostumando com o bordão “Não vá pra cama sem ele”, o Brasil é surpreendido novamente e fomos obrigados a sair da cama sem ele.
Hoje, repetindo o gesto de Jô soares, em seu programa de 20 de setembro de 2016, onde ele recitou o poema de Mary Elizabeth Fryer, somos nós, brasileiros, e equipe do The Geek News que o reproduzimos.
“Não chorem à beira do meu túmulo, eu não estou lá
Estou no sopras dos ventos
Nas tempestades de verão
E nos chuviscos suaves da primavera
Eu sou a prece inquieta dos ruídos da cidade
E o silêncio das madrugadas
Não chorem à beira do meu túmulo, eu não estou lá
Estou no brilho das estrelas perfurando a noite
E no cantar alegre dos pássaros
Não, não chorem tristes à beira do meu túmulo, eu não estou lá
Eu não morri
Eu sou a vida incessante e livre
Que corre nas águas do rio”
Obrigado Jô por ter sido contemporâneo conosco!