O cultuado filme de Tobey Maguire é até hoje considerado um clássico por muitos fãs. Mas será que permanece um bom filme após tantos anos?
Após um bem-sucedido primeiro filme do diretor Sam Raimi (conhecido pela franquia The Evil Dead, Army of Darkness, além de outras produções de terror), o segundo filme chega com a responsabilidade de fechar as pontas soltas do primeiro e o desafio de superá-lo.
Trocando o ambiente estudantil e a famosa história de origem pela vida urbana, vemos um Peter Parker, adulto e morando em apartamento, sempre com aluguel atrasado e nunca tendi êxito na vida profissional, amorosa e nos estudos, já que ele passa a maior parte do tempo sendo o herói aracnídeo que combate o crime em Nova York.
Talvez por isso este homem-aranha seja o mais próximo da essência do personagem das HQs, pois este é o filme em que mais sentimos o sofrimento do herói. O sacrifício dele para sempre escolher o certo, ao invés de realizar suas vontades. Ao longo de praticamente todo o filme, vemos o pobre herói se ferrando de todas as formas possíveis: sua tia com problemas financeiros, seu melhor amigo, Harry Osborn, com ódio do Homem-Aranha, e o amor de sua vida, Mary Jane Watson, prestes a se casar com outro homem.
Neste drama bastante familiar a praticamente todos que assistem o filme, o único refúgio de Peter é o manto do aranha, e o balançar entre os prédios que o ajuda a esquecer os problemas (outro elemento tirado das HQs).
Contudo, até um herói tem limites, até que ponto vale a pena arcar com suas grandes responsabilidades se a vida não te dá nada em troca?
Apenas esta mensagem já seria de bom tamanho para tornar o filme memorável – porém, em relação ao ritmo, vemos aqui um Sam Raimi mais dinâmico e preparado – alternando momentos de ação, humor e drama, o filme não nós da um momento de descanso sequer. Tobey Maguire pode não ser o nerd super inteligente e piadista que nos acostumamos a ver no MCU, mas com certeza consegue carregar raiva, alegria e tristeza como ninguém. Diferentemente de Willem Defoe no primeiro filme, o vilão vivido por Alfred Molina, o Dr. octopus está mais para uma figura trágica do que um psicopata irremediável, e sua figura é tão bem construída que ele se torna mais que um vilão, mas sim um personagem que o público se importa, tendo uma jornada de queda e redenção que até hoje conseguem emocionar. Acredito eu que o único vilão que conseguiria repetir esse feito talvez seja o Thanos de Vingadores, mesmo sem ter alcançado, de fato, sua redenção de forma mais explorada.
Sobre os efeitos especiais, apesar da tecnologia ter avançado dezenas de vezes ao longo dos anos, posso dizer que as cenas em CGI não fazem feio – o que garante ao expectador sequências memoráveis de luta, com destaque principal para a icônica cena do trem, em que o herói assume de vez seu fardo e consegue parar um trem em alta velocidade.
Com final apoteótico, pontas muito bem amarradas e atuações soberbas (destaque também para J.K Simmons como J.J. Jameson e Kirsten Dunst como Mary Jane), Homem-Aranha 2 consegue o trunfo de ser melhor que o primeiro – e ouso dizer, melhor que a maioria dos filmes de heróis na época (talvez o único que chegue perto seja X-Men 2). Posso dizer com certeza que, após 10 anos de Marvel Studios, com certeza ainda há muito que se aprender com este filme, seja na representação do herói como figura trágica, ou na recompensa do público ao assistir ao final, nosso cabeça de teia afinal recebendo a recompensa que tanto almejava.
A única pergunta que fica é o porquê da Fox nunca ter tido ambição de fazer um filme reunindo seus heróis, já que Hulk, X-Men, aranha e quarteto poderiam muito bem render um filme interessante, nas mãos certas. Infelizmente isso é algo que saberemos apenas em uma dimensão paralela.
NOTA: 9/10 mesmo 16 anos depois!