Mangá Shonen, se tornou série animada e despertou interesse de toda uma geração em horóscopo e mitologia grega no Brasil.
Você pode tentar esconder sua idade passando tonalizante capilar, usando boné para esconder a calvície, colocando o doutorzinho no pote de hidratante, mas sim, Cavaleiros do Zodíaco já estão completando 27 anos de sua estreia na TV aberta brasileira. O ano era 1994, o povo brasileiro estava desde julho celebrando o tetracampeonato da seleção, enquanto repetíamos (sem saber que era o surgimento de dois dos maiores memes brasileiros, o famoso “É TEEEETRAAAA” e o “Sai que é tua Taffarel”), milhões de Bebetos e Romários eram batizados nos cartórios brasileiros, até que chegamos em 1º de setembro de 1994, quando o Corinthians era apenas um jovem time de 84 anos, um bando de loucos celebrava o título de campões da Copa Bandeirantes com a estreia de Marcelinho Carioca, uma multidão de crianças e adolescentes enlouqueciam com um desenho animado cheio de lutas e poderes especiais: Os Cavaleiros do Zodíaco.
Eis que Cavaleiros do Zodíaco, criação de Masami Kurumada chegaria para revolucionar o que seria a “programação infantil”, reacender o debate de classificação etária da programação da TV brasileira (que vamos lembrar, eram anos 90, quando reuníamos a família na casa dos avós no domingo, depois de voltarmos da feira ou da igreja, comíamos macarronada com frango e assistíamos homens de sunga agarrando mulheres de biquíni que tentavam pegar sabonetes dentro de uma banheira), porém, o maior dos problemas era a violência gráfica de um desenho onde adolescentes de 13 anos golpeavam o coração dos próprios irmãos, para salvar o mundo de um grande mal… Ou os Fatalities de um joguinho que se chamava Mortal Kombat.
Voltando ao assunto, Masami Kurumada publicou as histórias dos Cavaleiros do Zodíaco na Shonen Jump, popular publicação japonesa que revelou grandes artistas e obras que se espalharam e se popularizaram por todo o mundo, seja em forma de Mangá (história em quadrinhos em formato oriental com características próprias, como traçado e até mesmo formato, com leitura da esquerda para a direita), a publicação teve início em 1 de dezembro de 1985 e foi até 12 de dezembro de 1990. Em 1986 já recebeu sua versão anime (desenho animado japonês), e após rodar a Europa, tornando-se sucesso em países como França e Espanha, acabou chegando ao Brasil em 1994.
Quem não se lembra de acompanhar aquela história de garotos que pareciam mais velhos, e surpreenderam a todos quando descobrimos através das revistas Herói e Heróis do Futuro, que eram apenas adolescentes de 13 e 14 anos, com superpoderes vindos de seu cosmo interior, arriscando suas vidas para salvar o mundo, enquanto nós mal tínhamos forças para arremessar a bola numa partida de basquete ou queimada nas aulas de educação física do ensino fundamental? E melhor do que acompanhar esta história, foi a expectativa, uma vez que a TV Manchete não havia adquirido todos os episódios, então, exibia a saga da Guerra Galáctica, a saga dos Cavaleiros de Prata e quando chegava na Saga das 12 Casas, quando Seiya enfrentava Aiolia de Leão, e todos queríamos saber o desfecho do combate entre os dois amigos, voltávamos ao primeiro episódio, e mesmo assim, continuávamos a assistir, esperando que quando chegasse neste mesmo ponto da história, no dia seguinte descobriríamos a sequência… O que não acontecia, de novo e de novo… Até que em 1995, 1º de maio, depois de muito trabalho (perdão pelo trocadilho), em pleno feriadão, todo mundo em casa, as mães, avós e tias querendo assistir a novela na Globo, e nós, já sem esperança de que veríamos a continuação, fomos surpreendidos de forma tão impactante com a estreia dos novos episódios, muitos chegaram na terça-feira na escola e foram pegos de surpresa com os spoilers sobre o feito de Cassius na casa de Leão, e a maioria nem acreditou (e ao contrário do que vemos hoje em dia, ninguém se incomodou também com o spoiler, até porque o título do episódio narrado já dizia: “Cassius morre por amor”), até que de tarde, chegaram em casa e se surpreenderam com a continuação da história.
Enfim, Os Cavaleiros do Zodíaco tem muito conteúdo para abordarmos em matérias futuras, mas vamos ressaltar que foi o “desenho dos signos” que fomentou a indústria editorial infantojuvenil, que antes era praticamente monopolizada pela Turma da Mônica e Zé Carioca, e abriu espaço para a popularização de várias revistas de heróis, despertou o interesse de muitas crianças e adolescentes por quadrinhos de heróis como X-Men, Capitão América, Super-Homem, Batman, Spawn e muitos outros. As “revistas de fofocas” disputam espaço nas bancas de jornal com as “revistas de fofocas dos desenhos”, já que àquela época era muito difícil ter acesso a informações das produções, então, todo mundo queria uma revistinha com formato mais compacto, cheia de ilustrações que contasse novidades sobre seus heróis favoritos. Cinema, álbuns de figurinhas, trilha sonora em CDs, LPs e K7 (se você não sabe o significa dessas siglas, você não faz parte do grupo de risco da pandemia de covid-19 dos anos 2020 em diante). Bonequinhos (que hoje foram rebatizados como Action Figures) enfim, muita coisa mudou com o fenômeno Cavaleiros do Zodíaco chegando ao Brasil há 27 anos.
Pra terminar, quero deixar aqui os parabéns aos Cavaleiros do Zodíaco, logo mais, em 1º de dezembro, completarão 36 anos de sua primeira publicação, hoje, celebramos os 27 anos de sua estreia na TV brasileira, já vimos roupas, brinquedos, publicações, e os mais variados produtos lançados por aqui, balas, chicletes, material escolar, enfim, vocês são brasileiros, sabem como as coisas funcionam por estas bandas, se teve festinha de aniversário com tema deles e até trenzinho com o Seiya pendurado e passeando pelas ruas, é sim sinônimo de sucesso, goste quem quiser, doa em quem doer. Cavaleiros do Zodíaco é sucesso absoluto no Brasil (apesar da adaptação da Netflix e de um filme em computação gráfica aí…). Parabéns, Saint Seiya pelo sucesso! Parabéns, Ikki por ser o mais fodão dos cavaleiros de Bronze, Shiryu por ser o mais companheiro e nos estimular a usar a Cólera do Dragão no chuveiro, aos outros que acompanhavam na história, aos Cavaleiros de Ouro, por nos ensinar qual o nosso signo e promover as maiores brigas sobre o mais forte na escola, o bullying com os piscianos e a zoeira pelo chifrudo do Aldebaran ser brasileiro. Toda uma geração foi marcada pelos Cavaleiros do Zodíaco, e até hoje a nostalgia nos mantém conectados, por mais que o tempo nos mostre todos os defeitos da produção, continuamos amando estes jovens, principalmente por conta da melhor dublagem do mundo, que é a nossa, a grande dublagem brasileira, que ganhou muito mais destaque e reconhecimento do público a partir deste boom vindo da explosão do cosmos dos jovens protetores de Athena! #ParabénsCDZ