Após a divulgação da produção de 2 longas-metragens sobre o caso da família Richthofen, os filmes já foram alvos de críticas por parte do público, e ainda nem sequer chegaram aos cinemas brasileiros.
Quem não se lembra do crime brutal envolvendo a família Richthofen em 2002, onde a filha do casal, Suzane Von Richthofen, junto com seu namorado Daniel e seu cunhado Christian, armou a morte dos próprios pais para ficar com a herança?
Recentemente esse caso veio à tona novamente após a Produtora Santa Rita informar que estaria produzindo 2 filmes sobre esse crime, onde ambos relatariam de pontos de vistas diferentes sobre como tudo teria acontecido.
O primeiro filme intitulado “A Menina Que Matou Os Pais” irá relatar toda a história através do ponto de vista de Suzane Von Richthofen, a filha do casal. Já o segundo filme, nomeado “O Menino Que Matou Meus Pais” irá narrar através da perspectiva de Daniel, até então namorado de Suzane na época do crime. A ideia de fazer 2 filmes, veio a partir das contradições que os acusados apresentaram durante seus depoimentos á Justiça sobre o que de fato teria acontecido, e principalmente quem teria sido o condutor inicial dessa ideia brutal.
Mas afinal, porque a produção desses filmes vem sido alvo de críticas na internet?
Após a divulgação dos longas, comentários indignados tomaram conta de todas as publicações que o envolviam, e até mesmo sugeriram boicote ao filme que nem chegou ainda nos cinemas do país. Comentários reforçando a ideia de que é um absurdo fazer um filme sobre tais assassinos era o mais predominante, seguidos de opiniões revoltadas imaginando que Suzane e Daniel estariam ganhando dinheiro por contarem suas histórias nos filmes.
Em respostas ás críticas, os produtores afirmaram que os criminosos não estariam recebendo dinheiro algum, já que todo o filme é narrado de acordo com os depoimentos e laudos que a polícia divulgou, sendo assim nenhum dos acusados teriam qualquer tipo de contato com a produção dos filmes.
Em entrevista á BBC Brasil News, um dos produtores, Marcelo Braga, comenta: “O que nos chamou atenção é que outras dezenas de filmes gringos são bem vistos e não criam esta reação, justamente pelo Brasil não ter tradição de realizar filmes de crimes reais que aqui aconteceram e impactaram a nossa sociedade. Essa foi a diferença”. Ainda sim, Marcelo espera que após o lançamento, apesar das críticas, os filmes serão bem aceitos pelo público.
Para entender toda essa hipócrita revolta do público sobre esses filmes, podemos usar o famoso termo “complexo do vira-lata”. Por que é um absurdo o cinema brasileiro fazer um filme sobre esse crime, mas filmes americanos sobre serial killers baseados em fatos reais fazem tanto sucesso aqui? A ideia de inferioridade que muitos telespectadores tem sobre o cinema nacional só ajudam a reforçar a ideia de que a indústria cinematográfica americana será “sempre” superior. Filmes sobre criminosos americanos tem aos montes, vale ressaltar que recentemente a Netflix lançou o filme “Ted Bundy: A Irresistível Face Do Mal” estrelado por Zac Efron e Lilly Collins, que nada mais é do que um filme sobre o famoso serial killer que viveu nos Estados Unidos, e sem dúvida alguma, o filme foi recebido com elogios por todo o mundo.
Os brasileiros precisaram parar e prestar mais atenção em filmes nacionais. Como o audiovisual do país irá crescer se nem contam com o apoio do próprio público? Entender que a produção de uma obra cinematográfica é acima de tudo um direito de liberdade artística é o primeiro passo para abrir os olhos sobre esse novo meio. A indústria do cinema está em ascensão, cada vez iremos ver mais diferentes gêneros sendo lançados com autorias nacionais, e cabe o público aceitar e prestigiar a tamanha ousadia de novos diretores que surgirão.
Vale lembrar que os filmes estrelados por Carla Díaz e Leonardo Bittencourt, serão lançados no dia 2 de abril de 2020 nos cinemas brasileiros, e contarão com sessões diferentes entre ambos os filmes.