Quem nunca se identificou com algum personagem de livro? E quem nunca se inspirou com a história de algum personagem? Hoje vamos falar de mulheres inspiradoras, aquelas que contagiam e te fazem querer mudar o mundo!
Estamos no Mês da Mulher e, para comemorar, nossa equipe, junto com o pessoal do Beco Literário, preparou um especial recheado de dicas e, hoje, preparamos uma lista de livros com mulheres inspiradoras que mostraram toda a sua garra e coragem na literatura, seja em um clássico, em uma fantasia, distopia ou na vida real. Há milhares de exemplos de mulheres fortes, mas, como não podemos falar de todas, trouxemos uma lista de 9 mulheres que tiveram um papel importante na literatura:
Scheherazade – As Mil e Uma Noites
Todos conhecem o livro persa “As Mil e Uma Noites” e, para começar esta lista, não poderíamos deixar de citá-lo. A história segue Shariar, o rei da Pérsia que, após descobrir que sua esposa o traía, mata-a e começando a acreditar que nenhuma mulher do mundo presta. Com isso, o Rei decide que dormirá com uma mulher diferente a cada noite e mandará mata-la no dia seguinte.
O plano do Rei funciona perfeitamente bem durante três anos até a nossa homenageada aparecer. Como já era de se esperar, após três anos desposando e matando mulheres todos os dias, alguém finalmente decide acabar com isso de uma vez e esta pessoa é Sherazade, a filha do Gran Vizir do Rei (seu braço direito). Ela implora e convence seu pai a oferecê-la ao sultão e, após muita relutância, seu pai assim o faz.
Sherazade arma um plano com sua irmã Dinazade e a leva para a câmara nupcial com ela para poder se despedir dela. Um pouco antes do amanhecer, Dinazade pede que Sherazade conte uma de suas histórias e, pedindo permissão ao Rei, ela começa a contar a maravilhosa “História do Mercador e do Gênio”, mas, ao amanhecer, ela para de contar a história e diz que só voltará a conta-la no dia seguinte. O sultão, muito curioso, não a executa e, por mil e uma noites, Sherazade conta diversas histórias para Shariar e consegue sobreviver.
Elizabeth Bennet – Orgulho e Preconceito (Jane Austen)
Jane Austen foi uma importante escritora de sua época por escrever livros que, apesar de fugirem um pouco da realidade de seu tempo, mostravam a opinião forte da autora e, para esta lista, escolhemos seu livro mais famoso “Orgulho e Preconceito”.
Como o nome já diz, o livro é um romance que traz o orgulho e o preconceito em embate. O orgulho aqui é representado por Elizabeth Bennet – Lizzie –, que, apesar de viver em uma família de classe média e sofrer a pressão de casar-se com um homem que tenha condições de sustenta-la, recusa-se a fazer parte desta tradição de casar-se apenas por dinheiro. De opinião forte, Lizzie passa a odiar Fitzwilliam Darcy – Mr. Darcy –, por ser um homem arrogante com um ar superior e, diferente das outras mulheres, trata-o com desprezo e frieza, sem se importar com sua riqueza.
Apesar de ser um romance digno de “felizes para sempre”, é importante falar sobre Lizzie Bennet por, em pleno século XIX, ter a garra e a coragem de lutar pelo o que acredita e enfrentar todo o sistema machista da época ao ter sua própria opinião e dar valor a si mesma e ao seu intelectual, ao preferir ler livros e construir seus próprios pensamentos.
Hermione Granger – Harry Potter (J.K. Rowling)
“Harry Potter“é uma série de livros conhecida mundialmente que tem como protagonista o próprio título dos livros, porém, é sempre relevante falar sobre a importância de Hermione em sua vida e, claro, de toda a força que a personagem tem nos livros.
Nascida em uma família de trouxas (não-bruxos), Hermione é atacada diversas vezes nos livros por ser a chamada “sangue-ruim”, mas, ela mostra que o mundo dos bruxos é o seu lugar com toda a sua força e inteligência. Já pararam para pensar em quantas vezes Hermione salvou ou ajudou Harry com sua inteligência? Bom, não foram poucas. Também não podemos deixar de falar sobre toda a sua força ao aguentar os ataques que sofreu e sua coragem ao apagar a memória de seus pais para protegê-los.
Hermione talvez seja a aluna mais dedicada que você conhecerá em toda a sua vida. Passa a maior parte de seu tempo lendo e estudando, ajuda seu amigo com perigos mortais, desvenda segredos e ainda arruma tempo para criar uma fundação de apoio aos elfos (FALE). Não é a toa que ela precisou de um vira-tempo para conseguir fazer tudo o que queria. Essa mulher é uma máquina e merece todo o reconhecimento do mundo.
Daenerys Targaryen – As Crônicas de Gelo e Fogo (George R.R. Martin)
“As Crônicas de Gelo e Fogo” são uma série de livros que vêm fazendo um grande sucesso no mundo literário e no mundo das séries, com sua adaptação feita pela HBO, “Guerra dos Tronos”. Apesar de ser uma fantasia, não há nada de conto de fadas nos livros. Pessoas morrem o tempo inteiro, mulheres são estupradas, crianças são mortas e exércitos são destruídos, ou seja, não está fácil para ninguém, principalmente para as mulheres que, na época em questão, deveriam casar-se e ter filhos. Por isso, não poderíamos deixar Daenerys Targaryen de fora da lista.
Com apenas 11 anos, Daenerys foi trocada como um objeto, tendo que casar-se com um homem bruto e mais velho e duas vezes maior que ela, além de viver constante agressão psicológica de seu irmão Viserys, que a tratava como inferior. Apenas uma criança, ela lutou para conquistar seu espaço dentre os dothraki, tornando-se sua Rainha, conseguiu lutar contra seu irmão, tornou-se a mãe dos Dragões, salvou milhares de escravos e construiu seu próprio Reino, tudo isso antes mesmo de chegar aos 18 anos. Daenerys é exemplo perfeito de mulher forte, inteligente, corajosa e destemida.
Katniss Everdeen – Jogos Vorazes (Suzanne Collins)
Protagonista da trilogia “Jogos Vorazes”, Katniss vive no Distrito 12, um dos mais pobres de Panem. Após ver sua irmã sendo sorteada como tributo feminino (2 tributos de cada aldeia são sorteados para lutar até a morte em uma arena), Katniss se oferece em seu lugar. Usando todo o seu conhecimento para sobreviver e criando um romance com o tributo de seu Distrito, Peeta, ambos conseguem vencer juntos após desafiarem a tentativa da Capital de tentar fazê-los matarem um ao outro. Após isso, diversos acontecimentos fazem com que Katniss se torne o símbolo da rebelião dos distritos. Apesar de ver tudo o que ama ser ameaçado, a protagonista nunca deixou sua coragem de lado e sempre lutou para que todos que amava conseguissem sobreviver, desde o primeiro livro, quando voluntariou-se como tributo no lugar de sua irmã.
Marjane – Persépolis (Marjane Satrapi)
Após tantas personagens fictícias, já estava na hora de falarmos sobre uma personagem real. “Persépolis” é uma história em quadrinhos autobiográfica que conta a história de Marjane Satrapi de sua infância até o início de sua fase adulta, durante e após a Revolução Islâmica. Marji chegou a viver alguns anos antes da Revolução mas, com apenas dez anos, viu-se diante do início do regime xiita e de toda a opressão que iniciou-se a partir daí. Nascida em uma família politizada, a protagonista assistiu a toda a mudança sofrida no Irã, desde a obrigatoriedade do véu islâmico até o avanço cada vez pior da onda de opressão.
Não é preciso dizer muito sobre o livro para mostrar todo o impacto desta Revolução na vida das mulheres islâmicas, por meio de sua história em quadrinhos, Marjane nos mostra isso de sua própria perspectiva e, principalmente, evidência os perigos de uma Revolução e como, em apenas alguns anos, tudo pode mudar. Em um ano as mulheres são livres e, em outro, elas não podem nem mostrar uma parte de seus tornozelos sem serem paradas por um guarda. Persépolis é uma autobiografia que todos deveriam ler não só para que fiquem cientes do horror da opressão, mas também para verem que é possível fugir dela. A história em quadrinhos também está disponível em animação adaptada.
Joy – Quarto (Emma Donoghue)
Mais conhecido por sua adaptação “Quarto de Jack”, Quarto é um livro fictício difícil de ser digerido. Apesar de ter um foco maior em Jack, o menino de 5 anos que, após viver todo esse tempo dentro de um quarto consegue sair e conhecer o mundo, sua mãe, conhecida por ele como “Ma”, merece todo o amor do mundo.
Sequestrada ainda jovem pelo velho Nick, Joy vive em cativeiro por 7 anos, em um quarto pequeno isolado com apenas uma janela pequena no alto. Constantemente estuprada, Joy acaba engravidando de Jack, seu único motivo para continuar viva. Apesar de viver em péssimas condições, ela faz o possível para que Jack não sofra tanto quanto ela, ensinando-o a ler, escrever, comportar-se, pensar e dando-o todo o amor possível.
Porém, após tantos anos de abusos, determinada a sair de lá para que pudesse dar uma vida melhor a seu filho, Joy elabora um plano de fuga e consegue fugir com seu filho. Finalmente livre, ela reencontra sua família e tenta voltar a viver normalmente, mas readaptar-se após 7 anos é uma tarefa quase impossível.
É com Joy que fechamos nossa lista de mulheres inspiradoras dos livros. Mesmo não existindo, ela representa milhares de mulheres que foram e são sequestradas todos os dias ao redor do mundo que conseguem encontrar forças para sobreviver mesmo quando essa não parece a melhor opção para elas.
De personagens femininas fortes e destemidas a literatura está cheia, mas, como não podemos escolher todas, nossa homenagem é para essas sete mulheres que nunca desistiram do que acreditavam e, mesmo quando tudo parecia impossível, não deixaram de lutar por suas vidas e por aqueles que amam. Feliz dia das mulheres!
Capitu – Dom Casmurro (Machado de Assis)
Maria Capitolina Santiago é uma personagem do livro Dom Casmurro de Machado de Assis, publicado em 1899. Capitu é a personagem mais discutida, a mais famosa de Machado. Há um mistério que permeia até a atualidade e divide as rodas de discussão literárias. Quer sabre mais sobre esta personagem, e discutir sobre este eterno mistério? Vem com a gente participar dessa discussão no Facebook do Beco Literário!