Em 26 de Maio, o escritor Abraham “Bram” Stoker deu vida ao romance que estabeleceria para sempre a figura do vampiro no imaginário popular. “O Vampiro” de John Polidori e “Carmilla” de Sheridan Le Fanu já traziam todos os ingredientes da fórmula vampiresca, que Bram Stoker deu forma graças à figura histórica de Vlad III, um voivoda (governante) da região da Valaquia, conhecido pela alcunha de “o empalador” devido a seus atos cruéis contra o maior inimigo da cristandade na época, os turcos. Inspirando-se em sua imagem, e na da Condessa Elizabeth Bathory, Stoker criou toda a mitologia que seria inúmeras vezes adaptada para os cinemas. Por isso, em comemoração à esta data, listamos as adaptações mais importantes, em nossa opinião.
Nosferatu, a sinfonia do horror (1922)
Adaptação “não-oficial” do romance, não teve autorização da família Stoker para usar o nome dos personagens, por isso trocou praticamente toda a ambientação para a Alemanha, e o conde drácula, pela figura assustadora do Conde Orlock, vivido por Max Schreck em um marcante visual que mescla características de morcegos e ratos. Clássico do expressionismo alemão, o filme traz um excelente uso de luz e sombras e consegue ser uma das mais marcantes produções sobre o personagem.
Drácula (1931)
Dirigido por Todd Browning, o longa trazia o húngaro Bela Lugosi como a encarnação do vampiro nesta adaptação que seria a primeira da onda de filmes de monstros da Universal Studios. Marcante em todos os sentidos, Lugosi praticamente definiu o arquétipo do personagem por décadas, tanto que podemos ver sua influência até na animação Hotel Transilvânia: cabelo liso jogado para trás, ar aristocrático e sedutor, e a fraqueza diante de crucifixos, alho e luz do sol.
Drácula, o vampiro da noite (1958)
Anos após a figura de Drácula ter sido gasta em Crossovers com outros monstros e produções de qualidade duvidosa, os estúdios britânicos da Hammer trouxeram o conde de volta à vida através da atuação excepcional de Sir Christopher Lee, no que viria a ser os primeiros longas coloridos com o personagem. Lee deu vida ao que é considerada até hoje uma das versões mais memoráveis do vampiro. Em contrapartida aos filmes mais contidos de outrora, estes traziam sangue e sensualidade, espelhando a época em que fora filmado. Além de drácula, o filme traz a interpretação inesquecível de Peter Cushing (que viveu Sherlock Holmes, além do Grand Moff Tarkin no primeiro Star Wars) como o doutor Abraham Van Helsing, o eterno inimigo do conde.
Drácula de Bram Stoker (1992)
Projeto ambicioso do diretor Francis Ford Coppola (de O Poderoso Chefão e Apocalipse Now), tinha como premissa recontar a obra de Bram Stoker da forma mais fiel possível, ao mesmo tempo em que introduzida conceitos modernos. Considerada por muitos como a adaptação definitiva, o filme traz uma mescla de tragédia e romance com grandes toques de terror e sensualidade – com Gary Oldman e Winona Ryder como Drácula, e Mina Harker, dois amantes separados pelo peso dos séculos. Trazendo ambientação e figurino impecáveis (que renderam um Oscar à Eiko Ishioka), além de diversos efeitos práticos, como marionetes e maquiagem, o longa trazia ainda um elenco riquíssimo, com destaque para o camaleônico Oldman como Drácula em suas diversas versões: envelhecido, sedutor, monstruoso – além de Anthony Hopkins, excelente como um obcecado Van Helsing e um jovem Keanu Reeves como Jonathan Harker. Apesar de ainda hoje dividir opiniões, Drácula de Bram Stoker segue como uma das adaptações mais fiéis – e ousadas do romance.
Drácula 2000
Anos após o Drácula de Gary Oldman, e até mesmo o vivido por Leslie Nielsen em Drácula: Morto, mas feliz (1995), chegava aos cinemas uma nova roupagem do personagem, totalmente influenciada pela estética dos filmes da época. Com Gerard Butler como um Drácula transformado em um Sex Symbol, a produção trazia ainda a produção de Wes Craven (da franquia A hora do pesadelo). Mesmo sendo bem mediana, ainda mais em comparação com as outras obras aqui citadas, o filme mostra como o mito do personagem se transformou – aqui, Drácula é citado como o próprio Judas Iscariotes, transformado em vampiro após trair o filho de Deus (!). Para o bem ou para o mal, segue como uma das adaptações mais originais já vistas.
Drácula: a história nunca contada (2014)
Após uma época de superproduçoes e blockbusters como Van Helsing (2003), a Universal Studios volta a investir no seu intitulado “Monsterverse”. Com Luke Evans (O Hobbit, O alienista) no papel de Vlad Drácula, o filme traz a ousada proposta de contar como o voivoda da Transilvânia se tornou o famoso vampiro da ficção, e até consegue fazer isso, em certo ponto. Apesar do elenco talentoso (com Dominic Cooper como o sutão Mehmed III, o líder do império turco otomano), o filme falha ao se distanciar tanto do terror quanto da proposta histórica e apostar mais em um clima semelhante às produções que estavam em voga na época, os filmes de super-heróis. Não por acaso, o final do longa transforma Drácula em um ser sobre-humano, com poderes que dariam inveja aos Vingadores. Apesar de não ser um filme ruim em sua totalidade, o longa fracassou nas bilheterias e enterrou o sonho da Universal de sua franquia de monstros.
Menções honrosas: o Drácula vivido por Richard Roxburgh em Van Helsing (2004), Claes Bang na recente série produzida pela BBC, Jonathan Rhys Meyers na série que acabou sendo cancelada, e claro, o Vlad Drácula Tepes da série de games e da animação da Netflix Castlevania, dublado pelo ator Richard Armitage (O Thorin Escudo de Carvalho da trilogia O Hobbit), uma ótima versão do personagem, e que apenas prova que, não importa seus altos e baixos, o Conde de fato vive para sempre.
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