Diálogos muito bons, diablo ex-machina, metáfora extraordinária, e um final terrível (em todos os sentidos).
[Vale ressaltar, como o nome sugere, trata-se de uma crítica, o conteúdo a seguir reflete a opinião de seu autor. Sinta-se livre para concordar, ou discordar, total ou parcialmente, o importante é que sua opinião seja expressada com respeito e educação.]
O episódio 9×04 de The Walking Dead é uma obra que não sei se classifico como muito boa, por ter despertado várias emoções, ou se classifico como fraca, por ter se utilizado de um roteiro muito preguiçoso, abusado do diabolo ex-machina, forçado a barra em vários momentos, e a única coisa que realmente foi bem escrita foram os diálogos.
Primeiramente, neste parágrafo, vamos falar de diabolo ex-machina, antes de falar do episódio em si. Para quem não sabe, a expressão diabolo ex-machina é oposto ao deus ex-machina, enquanto a primeira trata de um azar inexplicável, um mal onipresente, a segunda se refere a uma sorte fora do comum. Pra mim, qualquer um dos dois quando usados de forma abusiva acabam prejudicando a experiência do espectador, e foi justamente isso o que este episódio fez, abusou do uso do diabolo ex-machina, e se não fosse toda a campanha de marketing que a Fox vem realizando para promover a saída de Rick, com certeza este episódio teria sido uma experiência ainda pior.
Agora sim, vamos falar sobre o episódio. Com o acampamento para a construção da ponte se esvaindo, Rick se depara com muitas dificuldades, Eugene se lamentando por não conseguir ajudar a resolver problemas na estrutura da ponte, Carol resolvendo voltar ao Reino devido à rebeldia dos Salvadores, estes, que por sua vez estão em número cada vez mais reduzido, atrasando a obra, uma chuva que não para e que aumentou a correnteza do… Enfim, muita coisa ruim para um otimista construtor de pontes lidar.
Vamos então tirar o elefante branco da sala: Em algum momento do episódio, Rick é ferido, este aparentemente será o motivo de sua morte. Pronto, não falo mais anda além disso, se você quiser saber como, quando e onde, terá que assistir.
Agora vamos ver o que mais aconteceu neste episódio: Diálogos muito bons, sim, comecei pela melhor coisa do episódio, alguns de seus diálogos. Jesus e Maggie, um bom diálogo, que ditou o rimo o rumo que se seguiu durante o episódio.
Diálogo de Gabriel e Anne… Foi um diálogo interessante, mas, longe de ser ótimo. Houve um complemento dele em um bilhete que Anne, nossa ex-Jadis deixou no bolso d casado do padre Gabriel, o bilhete fez mais sentido quando vemos do que se trata e ouvimos o som de um helicóptero ao fundo…
Michonne e Negan… Foi um dos mais legais do episódio, obviamente só ocorreu para combinar com a cena inicial do episódio que foi a primeira dose de diabolo ex-machina do episódio. O diálogo fez sentido, mas óbvio que a forçação de barra para que ele ocorresse me incomodou. Pelo menos pudemos ver um pouco de atuação de Jeffrey Dean Morgan e Danai Gurira, além de uma possível grande revelação, ou mais de uma, quem sabe… Que abalaram as personagens.
Rick e Daryl… O diálogo mais subversivo, e realmente este é o adjetivo que melhor cabe ao que nos foi entregue… A cada frase você ficava na dúvida de qual dos dois tinha razão, de que lado você ficaria. Trocar de opinião conforme os argumentos eram expostos, só serviu para mostrar que este era o melhor momento do episódio.
Houve troca de tiros quando os Salvadores rebeldes voltaram ao acampamento de trabalhadores da ponte se encontravam, horas de zumbis atraídas pelos tiros, e até apareceram umas estacas de madeira, mas, acho que não eram sinais dos Sussu (Sussurradores), ainda não.
A metáfora da ponte esteve firme e forte (ao contrário da própria ponte), durante todo o episódio. Rick, o construtor de pontes. Cada vez que a construção era mencionada, eu sentia o drama por saber que o próximo episódio teremos a morte de Rick Grimes… E é por isso que eu digo que o episódio só não foi pior porque já sabíamos da despedida da personagem principal da série (até o momento).
A direção de arte acertou em quase todos os momentos, o que foi ótimo. As cores vivas de Alexandria, a mescla de verdes com tons pastéis de Hilltop, os 50 tons pastéis do lixão, a sombria cela de Negan, com aqueles raios de sol entrando pela janela… Enfim, se foi difícil de engolir as saídas fáceis de roteiro, assistir ao episódio pelo menos foi um alívio para os olhos.
Foi um episódio médio, com diálogos sendo os pontos altos, e um roteiro caprichosamente preguiçoso estragando o resto… Lógico que a cena de Rick e Daryl saindo do buraco onde caíram foi legal, mesmo com aquele monte de zumbis caindo lá dentro e dando uma trégua bem na hora em que eles saíram, Carol defendendo o acampamento também foi bacana, mas só, o restante, até o final do episódio foi só um roteiro preguiçoso criando soluções mágicas de azar, só para acelerar a saída de alguém da série. Se você é do tipo que não gosta de roteiro preguiçoso, assista os 30 segundos da promo e depois parta para os 10 minutos finais do episódio, as únicas coisas boas que vai perder são os diálogos.