O novo filme do “Monsterverse” traz uma sequência direta de “Kong – A Ilha da Caveira” e “Godzilla 2 – O rei dos monstros“. O esperado embate entre os dois ícones monstruosos da história do cinema (Kong, americano, e Godzilla, diretamente do cinema japonês, na maior tradição dos Kaiju) traz todo o clima épico e grandiosidade prometidos. Diferente dos dois primeiros filmes do Godzilla, que apostam mais no drama, esta produção vem com um clima mais aventuresco e cenas de ação menos carregadas no dark, e mais bem construídas, seja na luz ou na quantidade monstruosa de detalhes, com perdão do trocadilho, aproximando-se mais do filme do Kong no clima leve e nas lutas bem coreografadas.
Contudo, ele ainda tem os mesmos problemas dos filmes anteriores, que é justamente o elemento humano. Assim como em franquias como Transformers e Tartarugas Ninja, você percebe a tentativa de colocar protagonistas humanos com objetivo de gerar empatia por parte do público, mas o resultado obtido são personagens vazios, rasos ou cujas participações se reduzem a tramas genéricas que em nada agregam a trama, sendo apenas 3 deles minimamente essenciais para o desenrolar da história, o restante é totalmente dispensável dentro do enredo (incluindo a Millie Bobby Brown). Até mesmo o filho de um importante personagem que morreu em filmes anteriores é simplesmente jogado na história sem ter sua motivação trabalhada em momento algum.
Contudo, o objetivo do filme nunca foi ser algo cerebral ou complexo digno de um Christopher Nolan, e entrega o que promete: um bom espetáculo de luta entre dois monstros lendários. Portanto, há de se ignorar as inúmeras conveniências de roteiro e as saídas a la Deus Ex Machina, em prol da simples diversão, fator este em que o filme acerta e muito. O diretor Adam Wingard apresenta aqui um filme belo, coeso, com inúmeras tomadas incríveis e com direção de arte impecável. Toda a viagem ao interior da Terra Oca, apesar de não ter conceitos aprofundados, nos apresenta um espetáculo de encher os olhos, e cada batalha, cada golpe é tão bem construído que o espectador consegue sentir todos eles.
Concluindo: Godzilla vs Kong não é um drama nem um filme para se ver esperando grandes personagens ou uma história memorável, mas funciona muito bem como ótimo entretenimento, o que ao fim é o objetivo principal de toda produção cinematográfica.