Adaptado para a pandemia, filme se perde no roteiro fraco e cheio de conveniências.
[Vale ressaltar, como o nome sugere, trata-se de uma crítica SEM SPOILERS, o conteúdo a seguir reflete a opinião de seu autor. Sinta-se livre para concordar, ou discordar, total ou parcialmente, o importante é que sua opinião seja expressa com respeito e educação].
Glass Onion: Um Mistério Knives Out conta mais uma história do grande detetive Benoit Blanc, famoso por solucionar casos muito populares. Neste caso, um grupo de pessoas é convidada para participar de um jogo em uma ilha grega, e lá, terão que solucionar um caso de assassinato. A história se passa durante a pandemia de covid-19 e nos apresenta personagens tendo os cuidados com distanciamento social, como uso de máscaras e o distanciamento, enquanto alguns outros parecem não se importar tanto com isso.
A primeira parte da história parece envolta em um mistério além do assassinato, onde ficamos curioso, assim como o detetive, sobre o que une aquele grupo tão heterogêneo. Além disso, há uma tentativa de apresentação de personagens que acaba nos fazendo reconhecer cada um deles, mas não conhece-los.
O filme parece querer metaforizar sobre si próprio, ao falar de uma Cebola de Vidro (Glass Onion), com camadas e mais camadas, mas muitas são camadas rasas que beiram a transparência. Alguns personagens conseguem ser muito interessantes, como a intrigante Andi e seu êmulo Miles Bron. Enquanto temos o icônico personagem Duke, de Dave Bautista, carregado de um viés político ideológico, que desfila por aí com uma arma na cintura até mesmo quando entra na piscina. E um outro grupo de personagens que têm sua importância revelada ao longo da história.
Infelizmente o roteio do filme perde força a partir da segunda metade, a narrativa torna-se lenta, as conveniências de roteiro aumentam e é aí que o filme parece uma Glass Onion, querendo aplicar camadas e profundidade, mas caindo no erro de o roteiro interferir de mais naquele universo. O filme parece até uma releitura do primeiro filme, já que recicla alguns recursos, como um personagem se confundir e acabar o roteiro nos mostrando que houve esta confusão.
Este filme ficou atrás de seu antecessor até mesmo em visual, a direção de arte parece ter sofrido um mal súbito e só não deu as caras por aqui. É estranho que, mesmo se tratando de uma paradisíaca ilha grega no Mediterrâneo, tenhamos visuais tão pobres e sem graça. Os figurinos também perderam qualidade em relação ao filme anterior e parece que aqui, realmente só as conveniências de roteiro tomaram proporções maiores.
De maneira Geral, Glass Onion é um filme bem mediano, ele diverte, se ignorarmos as muitas conveniências do roteiro, temos uma história ligeiramente interessante, se fosse o primeiro filme de algum jovem roteirista recém-formado, daria para aceitar facilmente, mas Rian Johnson está parecendo versão do Windows, faz uma boa produção e erra na outra, quer ver só? A Ponte de Um Crime, Os Vigaristas, Looper: Assassinos do Futuro, Star Wars: Os Últimos Jedi, Entre Facas e Segredos , Glass Onion… A constância em ser inconstante do homem é impressionante, e Glass Onion, embora seja um bom entretenimento para Sessão da Tarde, deixa a desejar em alguns momentos, embora tenham seus erros, Glass Onion não é um filme totalmente descartável, é uma pedida interessante.
Glass Onion: Um Mistério Knives Out está indicado ao Oscar de Melhor Roteiro Adaptado e na data de escrita desta crítica já está disponível para ser assistido na Netflix. Sendo bem sincero, não acho que o filme seja capaz de levar a estatueta, ainda mais com concorrentes de peso, acho, talvez Glass Onion seja o que tem a menor chance ou a segunda menor chance de levar o prêmio.
Review
Glass Onion: Um Mistério Knives Out
Glass Onion é um filme bem mediano, se perde em grandiosíssimo, perde ritmo, e sofre com um roteiro que interfere de mais em seu universo. A adaptação da pandemia ter sido levada até os personagens é interessante, metade dos personagens também são interessantes, assim como metade do filme é bom, a outra metade está ali só para evitar que ele fosse um curta metragem, já que ela mais estraga do que acrescente à experiência, trazendo muitas conveniências de roteiro e reciclagem de recursos do filme anterior. O filme poderia ser maior, e ele queria ser maior, mas o roteiro é quem impediu isso. Este filme de detetive tornou-se uma comédia média e suas camadas perdem valor devido as preguiças do roteiro.
PROS
- Tem um bom nível de humor;
- Adaptação da pandemia para a realidade do filme;
- Boas atuações de quase todo o elenco;
CONTRAS
- Roteiro fraco;
- História perde força e é artificialmente alongada;
- Conclusão esvaziada e bem fraquinha;
- Inferior ao seu antecessor (Entre Facas e Segredos).