Projeto brasileiro une duas editoras para trazer o melhor da obra de Algernon Blackwood. Conheça mais sobre o autor e o projeto!
Aqui no The Geek News nós já trouxemos anteriormente a campanha do Catarse das editoras Ex-Machina e Clock Tower que focava em trazer para o Brasil a obra de Algernon Blackwood comentada e muito mais. A campanha continua firme e forte no Catarse e você ainda pode correr lá e fazer parte deste momento histórico. Porém, hoje, vamos apresentar para vocês um pouco sobre Algernon Blackwood. Confira a campanha em: www.catarse.me/salgueiros
O AUTOR
Algernon Blackwood foi um dos principais autores de horror do século XX. Ele nasceu em 1869, na Inglaterra, e desde jovem contrariou a criação rígida dada pelo pai com o interesse por temas ocultos. Na adolescência, morou na Suíça para estudar francês, onde conheceu as obras de Shelley e Novalis. Depois, viajou para o Canadá com seu pai, onde viu pela primeira vez a magia da aurora boreal.
Com o passar dos anos, o amor e o assombro de Blackwood pela natureza aumentavam cada vez mais. Ele tentou domesticar esse interesse iniciando uma graduação em Agricultura, mas nunca terminou o curso. Na universidade de Edimburgo, entretanto, Blackwood conheceu amigos que lhe apresentaram obras de ocultismo e doutrinas esotéricas orientais. Entre os 20 e 30 anos de idade, Blackwood viajou para o Canadá e depois foi morar em Nova York, onde se virava dando aulas de francês e escrevendo para jornais. Na metrópole estadunidense, Blackwood progressivamente desenvolveu uma aversão à civilização e, sempre que podia, fugia para as florestas do norte.
Blackwood voltou para a Inglaterra em 1899. Desde os tempos em Nova York, tinha o hábito de narrar histórias de assombro aos seus colegas de hospedaria. Aos poucos, Blackwood começou a transformar essas histórias, fortemente inspiradas por cenários ou incidentes de sua própria vida, em literatura. Seu interesse pela natureza e pelo sobrenatural dão tom à sua ficção: contos de horror, histórias de fantasma e aventuras fantásticas. Os romances também abordavam temas sobrenaturais, embora deixassem o horror de lado e se lançassem ao misticismo puro.
Logo Blackwood se tornou reconhecido, principalmente depois da publicação de seu terceiro livro, John Silence, um emblemático detetive do oculto que, na época, foi tão famoso quanto Sherlock Holmes. Blackwood recebia cartas endereçadas a seu personagem pedindo ajuda em casos sobrenaturais, e Blackwood realmente atendia à algumas dessas solicitações, pois se interessava profundamente pelo estudo de “fenômenos psíquicos” e sobrenaturais. Nos anos 1940 e 50, sua fama se estendeu para o rádio e para a televisão. Nessas mídias, Algernon Blackwood retomava a arte de contar histórias macabras ao vivo, e logo tornou-se adorado pelo público da BBC.
O autor também fez parte de grupos esotéricos como a Sociedade Teosófica e a Ordem Hermética da Aurora Dourada. Nessa última, Blackwood tornou-se colega de grandes escritores como Arthur Machen, autor de O Grande Deus Pã, e do famoso ocultista Aleister Crowley.
Blackwood morreu em 1951, aos 82 anos.
A OBRA
A natureza e o oculto são dois dos principais elementos na obra literária de Algernon Blackwood. Além disso, sua obra é profundamente autobiográfica. Viajante ávido, Blackwood conheceu os Alpes suíços, o interior rural da França, os pântanos do leste europeu, as florestas do Canadá, a imensidão do Egito, entre outros, e todos esses lugares aparecem como palco de seus assombros.
A base do horror de Blackwood é o contato do homem com o desconhecido, com as forças ocultas da natureza e suas manifestações sobrenaturais. Em alguns de seus escritos mais famosos, como “Os salgueiros” ou “O Wendigo”, o leitor se envolve nas angústias de personagens em confronto com forças da natureza que eles não dominam ou não compreendem por completo. Em carta ao estudioso Peter Penzoldt, Blackwood dizia que a natureza permite ao ser humano “travar contato mais íntimo com os sinais e as provas de outros poderes escondidos em nós e no mundo”.
O primeiro livro de contos de Blackwood, The Empty House and other ghost stories, foi publicado em 1906 e já traz, desde o título, a presença dos fantasmas como elementos fundamentais. O autor se tornou referencial nesse tipo de narrativa, tendo sido elogiado por H.P. Lovecraft pela “sensação de assombro e convicção da imanência de estranhas esferas ou entidades espirituais” e apontado pelo pesquisador S.T. Joshi como “o autor mais consistentemente meritório de toda a literatura insólita, com exceção de Dunsany [escritor irlandês, 1878-1957]”. Outros nomes que já assumiram se inspirar no trabalho de Blackwood são William Hope Hodgson, Clark Ashton Smith, Ramsey Campbell e Caitlin R. Kiernan.
“Os salgueiros”, publicada em 1907 na coletânea The Listener and other stories, foi apontada por Lovecraft como a melhor história weird que ele já lera e criada por “um absoluto e inquestionável mestre”. Na trama, dois amigos descem o rio Danúbio de barco e, acampados, percebem que alguma força maligna domina o lugar, deixando-os em intenso estado de aflição, ameaçados por forças que nunca são vistas. A habilidade de Blackwood em desenvolver o íntimo dos personagens vai de descrições detalhadas do ambiente e dos sentimentos até a tensão crescente dos acontecimentos.
Procedimentos similares estão em “O Wendigo”, novela publicada pela primeira vez na coletânea The Lost Valley and other stories (1910). Ambientada no Canadá, a história acompanha a expedição de quatro caçadores que se deparam com uma criatura lendária, que inicialmente se manifesta pela força do vento, pela sensação de uma presença misteriosa e pelo pânico dos personagens.
Os salgueiros e outros assombros da natureza contém algumas das melhores histórias de Algernon Blackwood, graças ao rigoroso recorte editorial de valorizar os contos e novelas conectados às crenças e curiosidades do próprio autor. Sua relação com os mistérios naturais e o fascínio por mitologias, criaturas ocultas e fenômenos inexplicáveis fazem com que a experiência de ler Blackwood seja um exercício hipnótico e instigante.
E aí, gostou da ideia? Que tal participar da campanha e ajudar a realizar o lançamento deste projeto? Segue lá no Catarse e participe.