A obra de Terror mais famosa de Clive Barker, que se tornou clássico e trouxe um dos personagens mais icônicos do terror, o Cenobita Pinhead, completou 33 anos.
Em 18 de Setembro de 1987 era lançado Hellraiser (Renascido do Inferno aqui no Brasil), com Sean Chapman, Doug Bradley, Andrew Robinson, Clare Higgins e Ashley Laurence. E já se inicia com uma frase memorável, “Eu vi o futuro do Horror… E seu nome é Clive Baker”, vinda de ninguém menos que Stephen King. O escritor Clive Baker já era responsável pela coletânea de livros conhecida como ” Livros de Sangue”, faltava apenas um pulo para que sua criatividade ficcional tomasse conta das telas.
Com um roteiro próprio baseado no conto “The Hellbound Heart”, e um orçamento bem modesto, Clive Barker nos trouxe uma história cheia de horror explícito, carne, sangue, aliados a sexo e sadomasoquismo. Tudo começa com Frank ( Sean Chapman), que ao adquirir uma misteriosa caixa mágica, descobre como abri-la em um ritual de magia negra, se transformando em um contato com uma dimensão paralela onde criaturas monstruosas chamadas Cenobitas controlam almas em uma eternidade de dor e tortura além da compreensão humana. Frank é capturado e sua alma fica presa ao sotão da velha casa de sua mãe falecida, local onde realizou o ritual.
Algum tempo mais tarde, seu irmão Larry (Andrew Robinson), se muda para a casa, acompanhado de sua nova esposa, Júlia ( a íncrivel Claire Higgins), que já havia sido amante do inescrupuloso Frank. Durante a mudança, em um momento onde transportava um móvel, Larry se machuca e derruba sangue no chão do sotão, sendo o suficiente para trazer Frank de volta da dimensão infernal. No começo ele é apenas um monte de ossos, carne e músculos (e sendo interpretado por Oliver Smith), e consegue seduzir novamente Júlia, trazendo á tona o pior dela e nos redendo um casal bem mais vilanesco que as criaturas do Inferno. Assim, Júlia começa a seduzir homens e mata-los no sotão para alimentar Frank e ajudá-lo a regenerar seu corpo.
Quando a jovem filha de Larry, Kirsty (Ashley Laurence), descobre do plano de Júlia e Frank, ela rouba e abre a caixa, entrando em contato com criaturas pavorosas e ficando frente á frente com os Cenobitas e seu líder, Pinhead (Doug Jones), e ele mesmo revela sua natureza á jovem: “Nós somos os exploradores das regiões profundas da experiência. Demônios para alguns. Anjos para outros”. Kirsty faz uma troca, a informação da fuga de Frank por sua saída da dimensão, mas os Cenobitas estão furiosos e nem os bons escapam de sua ira, fazendo a jovem lutar muito por sua vida.
Os efeitos práticos junto da maquiagem e figurino me encantam profundamente até hoje. Clive fez muito com pouco, não economizou no gore e no sangue e até mesmo em elementos pertubadores, Frank tem uma clara fixação por sua sobrinha ( oque vem a ser confirmado na sequência “Hellraiser II”), oque é enojante para a personagem, e ele não ama Júlia, está pronto para sacrificá-la na primeira oportunidade. O visual dos Cenobitas é claramente inspirado no cyberpunk e na cultura fetichista, e veio a inspirar muitas obras futuras, fazendo Pinhead entrar para o hall de criaturas famosas como Jason, Michael Myers e Freddy Krueger.
Hellraiser foi um sucesso, e rendeu muitas sequências, as últimas bastante inferiores e irregulares comparadas ao original, além de muitos produtos comerciáveis. O filme não é perfeito técnicamente, estamos falando de um escritor que decidiu dirigir um filme, mas que ainda sim segurou um bom elenco principal e nos entregou um roteiro ótimo, e para muitos seus efeitos pode até ter se tornado um pouco datado, oque é até mesmo injusto de se dizer, pois o filme entrega o melhor que havia na época, sem CGI, sem próteses tão perfeitas como temos hoje. Hellraiser tem seu mérito e deve ser reconhecido por sua criatividade e como porta de entrada em um mundo muito bem construído pelo gênio Clive Baker, e também muitas outras adaptações de sua história.